As crianças também vão sentir o impacto da crise econômica. Projeção da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) estima uma queda de cerca de 5% nas vendas do comércio paulistano para o Dia das Crianças, em comparação à mesma data no ano passado.
Fatores macroeconômicos, como a redução da massa salarial e a queda real do crédito para pessoas físicas estão entre os fatores que explicam a previsão negativa.
“Resta ao comércio atuar em cima de fatores microeconômicos, isto é, focar em promoções e publicidade, esforçando-se para tentar driblar as restrições orçamentárias das famílias”, afirma Alencar Burti, presidente da ACSP e da Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo).
Na avaliação da ACSP, o dólar mais caro certamente afetará o mix de produtos disponíveis nas lojas, já que a cotação atual desfavorece a importação e favorece a oferta de produtos nacionais, sobretudo no caso de roupas e brinquedos.
Como o Dia das Crianças é a última data comercial antes do Natal, o desempenho das lojas no período é sempre um bom termômetro das vendas para o final do ano. Por isso, na avaliação da ACSP, os varejistas devem aguardar os resultados da primeira quinzena de outubro para definir encomendas e projetar vendas para o final de ano.
QUEDA EM AGOSTO
As vendas reais do varejo brasileiro caíram 7,2% em agosto, na comparação com igual mês do ano passado, de acordo com o Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), que reúne grandes redes varejistas.
O resultado foi pior do que o previsto pelos associados do instituto, que estimavam queda de 1,7% nas vendas de agosto. De janeiro até agosto, o indicador do IDV aponta retração real de 2% nas vendas.
“A deterioração do cenário macroeconômico tem contribuído diretamente para o fraco desempenho do varejo desde o terceiro trimestre do ano passado”, afirma Luiza Helena Trajano, presidente do IDV, por meio de nota.
Todos os segmentos do varejo tiveram diminuição de vendas em agosto, mas o comércio de bens duráveis foi o que mais contribuiu para o resultado negativo do índice. O recuo nas vendas do segmento foi de 9,46% em agosto, na comparação anual.
Já o setor de semiduráveis, que inclui vestuário, calçados, livrarias e artigos esportivos, apresentou queda real de 6,4% em agosto.
O segmento de bens não duráveis, que responde em sua maior parte pelas vendas de super e hipermercados, foodservice e perfumaria, registrou diminuição de 6% nas vendas realizadas em agosto.
PROJEÇÕES
O IDV divulgou ainda as expectativas dos varejistas para os próximos meses. O Índice Antecedente de Vendas sinaliza continuidade da retração.
A estimativa é de queda de 1,43% em setembro, 1,37% em outubro e 0,91% em novembro, na comparação com os respectivos períodos do ano anterior.
Para o varejo de duráveis, a expectativa é de recuo de 2% em setembro, 1,1% em outubro e 0,6% em novembro.
Em semiduráveis, os associados esperam crescimento de 2,3% em setembro, 2,8% em outubro e 1,3% em novembro. No segmento de não duráveis, as projeções indicam queda de 2,7% em setembro, 3,4% em outubro e 2,1% em novembro, na comparação anual.
O IDV representa 66 empresas varejistas do país. Grupo Pão de Açúcar, Lojas Americanas, Lojas Renner e Magazine Luiza são alguns dos associados.
Diário do Comércio