Daniela e Juliana Binatti: como essas irmãs construíram um unicórnio de tecnologia

Nascidas e criadas na periferia de São Paulo, as irmãs Daniela e Juliana Binatti conseguiram fazer faculdade de tecnologia graças a uma bolsa de estudos que bancou 80% do curso. Hoje, aos 46 e 44 anos, respectivamente, fazem parte do seleto grupo de fundadores de unicórnios – apelido dado a empresas avaliadas em US$ 1 bilhão ou mais –, do qual as mulheres são exceção.

As sócias concluíram a venda da sua startup, a Pismo, por US$ 1 bilhão (R$ 5,3 bilhões) em dinheiro para a Visa. A aquisição da empresa, que fornece a infraestrutura por trás da operação de grandes bancos, como Citi, Itaú e BTG, foi anunciada em junho passado. “A gente tinha a solução correta no momento certo”, diz Juliana, que lidera a área de produto. A plataforma da Pismo processa US$ 208 bilhões (R$ 1,1 trilhão) em transações anualmente e gerencia quase 100 milhões de contas e mais de 50 milhões de cartões.

Em oito anos desde a fundação, a empresa recebeu duas rodadas de investimento, chamando a atenção de gigantes como Amazon, Softbank e B3, e passou de quatro para mais de 400 funcionários. Hoje, tem operações na América Latina, Estados Unidos e Europa, além de clientes na Índia, Ásia e Austrália.

A companhia tem ainda como sócios Marcelo Parise, marido de Daniela, e Ricardo Josua, todos com mais de 20 anos de carreira em tecnologia. O quarteto já havia ajudado a construir a Conductor, plataforma de processamento de cartões de crédito adquirida por um fundo americano e hoje conhecida como Dock.

A formação do grupo é um dos motivos do sucesso. “Somos muito diferentes e desenhamos a empresa para exercermos os nossos melhores papéis”, diz Daniela, CTO. Além, claro, da visão pioneira de que havia uma lacuna de inovação no mercado financeiro. “Todos os grandes bancos ainda rodavam suas operações apoiados em sistemas legados da década de 1970”, explica Juliana.

Enquanto surgiam fintechs voltadas para o consumidor final, a Pismo nasceu B2B, para “trazer a inovação para o que está debaixo do capô”, com uma plataforma de processamento de serviços bancários com tecnologia de nuvem. “Não é fácil de explicar, tivemos que educar o mercado”, diz Daniela, que investiu até o último centavo que juntou como executiva na construção da empresa. “Vendemos o carro para pagar a escola das minhas filhas e fiquei andando de scooter por São Paulo.”

Do extremo da Zona Leste, as irmãs foram acertar o acordo bilionário com a Visa na Califórnia, nos EUA. “Ainda estamos assimilando tudo isso”, diz Daniela. “Sempre acreditei e trabalhei muito no nosso negócio, mas, às vezes, você sonha tanto com algo que no fundo até duvida de que vai mesmo acontecer”, completa ela.

*Reportagem publicada na edição 116 da revista Forbes, em fevereiro de 2024.

Fonte: Forbes

Últimas Notícias

Newsletter

spot_img

Relacionados

A Realidade dos KPIs em Vendas: O Que Realmente Medir para Alavancar Resultados

Quando se trata de vendas, muitos profissionais estão obcecados com métricas e KPIs (Key Performance Indicators) que, embora populares, nem sempre capturam o...